segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

TÁ DE BOM TAMANHO


É no mínimo um lamentável o descaso com a que a prefeitura de Salvador administra o CARNAVAL da cidade, e é melhor acreditarmos que seja desorganização mesmo, caso contrário, seríamos obrigados a acreditar que seriam privilégios e protecionismos a determinados grupos.

Se fizermos um apanhado superficial, veremos logo de “cara” o absurdo do próprio REI MOMO (Pepeu Gomes), passar por um grande constrangimento, por conta de não receber o trio vistoriado por ele dias antes da abertura da festa, e teve que receber as “Chaves da Cidade” em uma literalmente FOBICA projetada para o desfile dos homenageados do ano, os filhos de Osmar.

E não parou por aí, no ano em que se comemoraram os 60 anos do Trio Elétrico, um dos personagens mais importantes e marcantes para a concretização de tal feito, o senhor ORLANDO TAPAPAJÓS, também não teve trio... É isso mesmo!!! O cara que transformou a fóbica em um caminhão, ou seja, em um palco itinerante, não teve trio elétrico para desfilar e receber os “louros” pela sua colaboração.

Sem contar que a memória de um dos nomes mais importantes da música baiana como o nosso saudoso RAUL SEIXAS, que há 06 anos vem sendo homenageado nos dias na folia “momesca” por um grupo de admiradores da obra do Maluco Beleza, também foi esquecida, e o que é pior, simplesmente ignorada. Na hora “H” – “Apertem os cintos por que o trio elétrico sumiu” assim, sem a menor justificativa ou satisfação.

Desta vez, nem o “Cacique do Candial” foi poupado, pois é, até Carlinhos Brown teve o seu horário ignorado e o jogaram para o final da fila, fazendo que seu desfiles fosse às quatro horas da manhã. Ora, quem precisa de desfile de timbaleiros no chão, quando se tem “reboleition tion tion” em cima trio? Francamente!

É amigos!!! O fato é que a negligência com a nossa cultura e memória por parte desta gerência municipal é evidente e repugnante, os valores estão mais do que invertidos eles estão completamente deturpados. E quem depender dela para levar qualidade, informação e tradição para a grande “massa popular” está perdido. Por ela só passa o que é de seu único e exclusivo interesse.

E o pior nisso tudo é que as pessoas nem se dão conta da afronta ao nosso entendimento e se contentam em absorver toda a “porcaria” que lhe é oferecida. E se dão mais do que satisfeitas pelos 06 dias de qualquer coisa que lhe serviram. Bom Apetite!
Por Angela Cristina
Manager de Eventos & Produções Musicais

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO SÓ NÃO VAI QUEM JÁ MORREU – SERÁ?


Com toda essa invasão da mídia nacional e da exportação do Axé Music para o Brasil afora, é que a folia “momesca” de Salvador perdeu o status de Folia Baiana para Folia Turística. Aquele carnaval de caetanaves, fobicas, cordões e batucadas já era, hoje em dia o que se vê mesmo são “espaçonaves” faraônicas chamadas de trios elétricos. Camarotes por toda a extensão dos circuitos ocupando deliberadamente o espaço dos foliões da “pipoca” e gente de tudo quanto é canto do país e do mundo espremendo as “mioquinhas da terra” para fora desse universo.

O mais curioso é a velocidade dessa mutação, há pouco não existia carnaval em outro circuito se não o Osmar (que também não se chamava dessa forma), era simplesmente no centro. Tudo bem, a cidade cresceu apertaram as coisas por lá e existiu uma real necessidade de se expandir.
Então surgiu o circuito da Barra, esse rapidamente teve que ser esticado até Ondina e se consolidou como Circuito Dodô e de quebra apareceu o Circuito “Batatinha” no Pelourinho, que até então não era circuito algum, nem de coisa alguma, era apenas o centro histórico e servia de acesso para os foliões chegarem até a Praça Castro Alves.

Lá sim, na famosa praça do poeta, é que batia o coração do carnaval baiano, era onde fervilhava um belíssimo encontro de trios, tocados por artistas da terra e embalados por canções que falavam do carnaval baiano e da folia como: Chão da Praça (Moares Moreira), Atrás do Trio-elétrico (Caetano Veloso), Diabolô (Osmar Macedo) entre outras... E não somente de BEIJOS. Reparem que as músicas de hoje só falam em “beijo na boca”, se formos contar devem ter umas 300 delas, sem exagero, que falam sobre o tema e sem contar os apelos eróticos, tipo: Vou te comer, Raspadinha e Ketchup na Coxinha.

E por falar em beijo na boca, outra coisa que virou questão de vida ou morte para os foliões atuais, principalmente entre a garotada, é beijar na boca, a coisa banalizou de um jeito que ficou sem sentido. Agente ouve a “molecada” colecionando beijos como se fossem troféus ao final de cada dia de farra. A cantada, a paquera, o galanteio virou caretice... O lema agora é: Cala boca e beija logo!

Outra coisa que perdeu completamente a referência foi as indumentárias da galera, as mortalhas coloridas, as fantasias, as máscaras de caretas que somavam para a alegria e para o lúdico da festa deram lugar aos tão cobiçados e sem graçinhas “abadas”, com eles todo mundo fica igualzinho e sem ter muito o criar. Usar saltos no carnaval? Isso nunca, o legal era aquele tênis bem velhinho que tínhamos usado no ano anterior, já com o intuito de deixá-los “batidinhos” para o carnaval, hoje a mulherada quer mesmo é desfilar suas plataformas imensas na passarela da lama.

Faixas coloridas e trançadas na testa, estrelinhas no contorno dos olhos, purpurinas, colares havaianos, soltar serpentinas e jogar confetes... Ha, Há, Há... Que mico! Isso já era... O carnaval sofisticou. E quanto mais o camarote “sophisticate” melhor, neles você encontra de tudo: Spas, salão de beleza, pista de dança com DJ’s e a “bola” da vez: O “All Inclusive”. Agora se tiver um ator Global lá dentro... Arrasou!

O que sobrou mesmo para a baianada, foi apertar o orçamento para conseguir alcançar o nível social da invasão excursionista e disputar os espaços nos camarotes, blocos, feijoadas e ensaios, que são projetados especialmente para a gringalhada. Ou então, vender churrasquinhos de gato, sem espeto, porque o espeto está proibido, catar latinhas, colocar um isopor nas costas e vender umas latinhas de Brahma Fresh ou Skol e aproveitar o arrastão que Ivetão e Brown fazem na quarta-feira já nas cinzas do REINADO DE MÔMO para igualar a todos, nem que por alguns minutos na festa do MISTURAÊ.

O que dizem é que esse crescimento da indústria carnavalesca trás divisas para o nosso Estado. E que muitos baianos lucram direta e indiretamente trabalhando no carnaval e etc., etc., etc. Mas, a verdade é que dessas tais divisas, os baianos, não vêem nem a “cor”. E de fato o que aconteceu foi que perdemos o nosso carnaval.

Engraçado mesmo é lembrar que Caetano Veloso cantou por muitos carnavais os seguintes versos: - “Atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu”. Hoje em dia ele bem que poderia refazer esses versos e cantar assim: “- Atrás do Trio Elétrico só não vai quem é baiano!”

Por Angela
Revisão Gabriel
Tupinambá.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

CAMISA DE VÊNUS EM SALTO ESTILO! B.P.F.


- “Eu estive no primeiro show desses caras, eles mudaram a história do rock baiano (...) E hoje eles são meus ídolos e com certeza os de vocês! Com vocês: CAMISA DE VÊNUS!” E assim, apresentada pelo baixista e também remanescente do rock baiano dos anos 80 Jerry Marlon, a banda CAMISA DE VENUS retorna aos palcos para mais uma grande turnê nacional.

O clima era de uma grande noite rock. Uma fila enorme fez-se logo cedo para acesso ao CAIS DOURADO, local onde a tão aguardada e mais importante banda de rock da cidade daria os primeiros acordes musicais, após quase 05 anos afastada dos palcos. A expectativa era grande, afinal de contas era uma reestréia especial, já que o retorno do conjunto traria novidades, não apenas a substituição de um músico, mas sim, a substituição daquele que até então seria a “cara” da banda, o band-líder Marcelo Nova. Tarefa nada fácil, pois de humor ácido e timbre inconfundível do Marcelo era a “marca registrada” do Camisa.

Nos bastidores um clima de revival total tomou conta dos convidados VIP’S da banda, muitos deles remanescentes da cena rocker local oitententista a exemplos de Marcos Botelho (Ramal 12), Hélio Rocha (Delírium Tremens e 14º Andar), David Roth (Espírito de Porco), Willy With (C.A.N.O.S.), Keko Pires, Ninou Moura, Miguel Cordeiro, Humberto Tedão entre outros.

O ar de confraternização foi inevitável afinal de contas esses encontros eram freqüentes entre um show e outro que rolava no Circo Relâmpago, Troca de Segredo e no Teatro Vila Velha, locais onde abrigavam as bandas de rock da cidade naquela época, muitas delas influenciadas pelo punk-rock britânico que estava no auge naquele período.

A cada hora que se passava a expectativa tomava conta do público e dos convidados que aguardavam a entrada da banda. No camarim estavam Robério Santana, Karl Franz e Gustavo Müllen, os dinossauros e heróis do rock’n’roll baiano esquentando as turbinas para não decepcionar os fãs e amigos. Além deles também estava o que talvez maior responsabilidade tivesse naquele retorno, pois assumiria o posto de maior visibilidade diante do grupo, Eduardo Escott, que apesar de estreante no grupo também foi figurinha carimbada na década de 80, em uma das mais importantes bandas do período, o Gonorréia. O mais novo, o batera Luiz Fernando assume as baquetas na cozinha da banda, ocupando o banquinho de Aldo Machado.

Pouco antes das 23H, um coro sonoro de “bota pra fudê”!!!, expressão adotada pelo público fanático pelo conjunto, convidava os músicos a subirem ao palco. Então, escoltados pela produção do show, uma a um, passaram pelo corredor de acesso ao palco, colhendo abraços e o incentivo dos amigos que estavam ali ao lado do camarim. Primeiro o estreante Luiz Fernando, logo após Robério Santana, um pouco depois Karl Franz Hummel, em seguida quase que guinchado pelo produtor Marcos Clement, foi a vez de Gustavo Müllen, e por fim mais tranqüilo, porém não menos excitado com tudo aquilo Eduardo Scott.

Já nos primeiros acordes era nítido que estava tudo certo e banda diria a que veio. Detonaram no repertório os principais hits do conjunto como: Silvia, Gottan City, Bete Morreu, O Adventista, Passa Tempo, Hoje, My Way...entre outras. Os caras mostraram mesmo que estavam afiados e em sintonia com o público, que por sua vez, não paravam de gritar “bota pra fudê” e pedir às canções que marcaram a trajetória do conjunto. Scott a essa altura já estava completamente à vontade com a nova casa e os novos fãs e arriscou até algumas declarações políticas na introdução de algumas músicas. Além dos maiores sucessos autorais eles ainda apresentaram 02 (duas) canções do Gonorréia, que foi de rápida identificação do público, já que a banda possuía uma sintonia bastante parecida com a do Camisa de Vênus.

Depois de terminada a apresentação da banda, a galera ainda em catarse, convidou a banda retornar ao palco e fazer mais um bis. Então, foi à vez dos convidados brilharem ao lado dos amigos e ídolos. Primeiro o baixista Jerry Marlon, em seguida o guitarrista e produtor da banda Marcos Clement e por fim, o primeiro guitarrista do conjunto: Eugênio. E a noite foi coroada com aquela que talvez seja a mais conhecida música da banda: Eu Não Matei Joana Darck. Perfeito!

Depois de fechadas as cortinas, os músicos foram receber os amigos, a imprensa e alguns fãs no camarim, com a sensação de missão comprida e desafio superado. Todos queriam chegar perto e tirar algumas fotos com seus ídolos, e mais, desejar boa sorte na nova turnê.

Realmente essa foi uma grande noite de rock em Salvador, que há muito tempo não tínhamos visto. Aliás, celebração que resgatou uma atmosfera rocker, excitante e punk, como nos idos de 80. Época que ficou marcada por revelar dezenas de bandas de rock, pelas festas e shows nos circos TROCA DE SEGREDOS e RELAMPAGO, pelos shows no NEW FREDS, na AABB, no TEATRO VILAVELHA, entre outros...Lembrando que, a grande maioria dos grupos foram formados nos shows do CAMISA DE VÊNUS.
Uma cena que ficou marcada para aqueles que viveram o período e que alguns insistem em afirmar que não existiu. E parar provar que essa cena existiu, é que na última sexta dia 29.01, tiramos aprova dos nove e vimos o Camisa de Vênus a banda que nos rendeu o maior fruto desse período mais uma vez subir ao palco e BOTAR PRA FUDÊ!

Por Angela Cristina
Manager de Eventos e Produções Musicais
http:angelacristinamanager.blogspot.com